Quod Me Nutrit. Me Destruit.

O QUE ME NUTRE, TAMBÉM ME DESTRÓI!

- Coloquei a foto de uma fortaleza medieval, pois é o que sempre tive que ser, pelo menos do lado de fora!
- Eu pensei em diversas formas de se começar esse Post. Pensei até que um PodCast me ajudaria mais, pois mostraria mais emoção,mas eu estaria traindo a mim mesma se ele não fosse escrito, pois desde que me conheço por gente eu escrevo para me expressar.
- Meus Posts foram preparados com antecedência e após isso foram transcritos e me veio dessa vez umas perguntas muito interessantes: "Como começar esse Post? Qual o critério a ser usado para escrever? Faria eu um esqueleto de corpo de texto?" As respostas foram simples: "Não, eu não faria rascunho e nem faria corpo de texto. eu escreveria com cara e acoragem como se aqui fosse um diário, pois para esse assunto necessito de erro e acerto e principalmente mostrar que sou humana!"
- Dadas essa informações, passarei um vídeo para vocês, video este que me mostrou onde ficam as feridas que me incomodam e que me fazem adoecer mais e mais. O vídeo é de um comercial da Dove (não mostrarei o True Colours, por que é muito comercial..mostrarei outro) Confiram e após o vídeo começarei o discorrer sobre o meu tema.

- As gurias são criadas pelos pais como princesas e que por conseguinte se tornarão rainhas. Algumas são criadas de formas diversas, mas a essência é sempre essa.
- A minha criação foi muito interessante, nela podemos observar disciplina militar, feminismo (por parte do meu pai, por incrível que pareça), estudo, exigência e masculinadade. Sim, eu fui criada como uma menina,mas uma menina forte o suficiente para se impor e para ser o menino do meu pai, aquele que lava o carro de fim de semana, vê corrida e futebol junto com o velho. Portanto, tenho o lado super delicado e os costumes de moleque. A criação até que foi legal. E eu citei ela para vocês entenderem o meu EU em um todo, para que eu possa contar um pouco sobre minhas "companheira" Anna e Mia.
- Aos meus 7 anos de idade, desenvolvi Bronquite alérgica, fomos a um médico chamado Valdecir, ele me receitou bombas e mais bombas de Corticóide, o que me fez ir de magrela a obesa em menos de um ano. Vocês sabem como crianças são cruéis e sabem também que na hora do vamos ver não existe defesa. Até aí, por mim estava tudo bem, por que sempre soube que crianças ainda não tinham a formação suficiente pra saber que algo machuca de verdade e também que sabia que cara guri alí tinha uma criação, criação essa que era muito diferente da minha. Afinal de contas, eu era criada por um militar da Antiga Ronda Ostensivas Tobias de Aguiar e alí nunca teriam uma visão como a minha.
- Cheguei aos meus 8 anos muito pesada e aí a coisa ficou um pouco pior. Os adultos, em quem eu tinha confiança e quem eu me espelhava, surpreendentemente passaram a me discriminar, nessa mesma época eu fiquei só, pois minha mãe desenvolveu sindrome do pânico e até descobrirmos o que era, já que a doença não era conhecida na época, eu continuei minha jornada sozinha. Mas tudo nessa vida serve de algo e pra mim isso serviu em matéria de crescimento espiritual.
- Voltando aos adultos e a discriminação, naquela hora o meu chão caiu. Eu era pequena (não que tenha crescido muito) e não sabia mais onde era seguro. Não tinha mais onde pisar, não tinha com quem estudar, nem com quem conversar, já que as minhas conversas eram muito avançadas para as crianças da minha idade. Eu normalmente tinha amigos de uns 65 a 70 anos nessa época, eles me são muito caros e saber que eles já se foram me deixa muito triste. Lembro da nossa vizinha de muro, a Dona Zulmira, ela pegou uma cachorrinha abandonada junto comigo, a Priscila e eu passava várias tardes na casa dela tomando chá e conversando. Bons tempos. Morava na Rua Argonautas essa época e estudava no Externato.
- Enfim, os adultos já não me aceitavam, eu não sabia o que era aceitação, minha mãe vivia doente e meu pai na época não sabendo lidar com tudo (afinal pais nunca sabem de tudo, eles também são humanos) me disse certa vez que minha mãe estava internada de tanto nervoso que eu havoa feito ela passar, não entendi, pois eu nunca contrariava minha mãe e nem meu pai, nunca fiz escandalo, nunca desobedeci e sempre fui amorosa,mas como era "picola", levei aquilo a sério e tomei a decisão de nunca mais deixar minha mãe ser internada,
- Mas como a doença causava instabilidade emocional, me vi no meio de um impasse, minha mãe começava a berrar do nada, se eu perguntava pra ela como se somava algo, ela já logo vinha me chamar de incapaz, assim me calei e aprendi a ser "gente grande".
- Almoço de Domingo era uma tortura. Eu com meus 10 anos agora, ia a casa de minha avó almoçar com todos. Já havia passado em nutricionistas que me fizeram parar de comer tudo, em endocrinologistas que me chamaram de gorda e falaram que tinha que ser bonita e em médicos que me chamavam de irresponsável. Minha mãe escondia a minha comida. Mas voltando ao almoço, eu que já estava sem comer, mal colocava a mão na colher para me servir da comida e me falavam: "Mas você vai comer?" Eu passei a dar sorrisos e dizer: "Não!Era só brincadeira!" e assim voltava pra casa em Jejum, com dor no estômago, mas com a minha mãe bem e meu pai sem falar nada. Normalmente quem fazia esse comentário sobre a comida, era uma Tia minha.
- O tempo passou, eu continuava comendo na frente dos outros e eu em 1998 já via a minha Avó adotar a mesma postura da tia supracitada. Passei a comer escondida, quando conseguia. Isso normalmente acontecia quando meu corpo não suportava mais. Tomada por uma crise de pânico, minhas vistas embaçaram, meu corpo tremia e eu fiquei paralisada. Nesse dia estavamos fazendo um almoço de família em minha casa. Subi trêmula, passando mal e a única coisa que eu consegui fazer foi colocar o pouco que havia conseguido comer escondida pra fora. e aí minha saga começa.
- Comia escondida e ainda pouquíssimo, chegava a passar três dias com uma azeitona. Mas normalmente nem a azeitona ficava no meu estômago, pois nesse momento minhas vistas embaçavam de novo, meu corpo ficava trêmulo e eu inevitavelmente ia ao banheiro Miar (como chamam carinhosamente o ato de vomitar). Nessa época emagreci e fiquei em um peso legal.
- Cheguei ao ponto de não precisar forçar, era só pensar, abrir a boca e vomitar, aidna hoje é assim.*
- Na oitava série a Anna (Anorexia) já era parte da minha rotina e a Mia (Bulimia) nem se fala. Me sentia muito culpada ao miar, portanto, um dia, voltando do Anhembi (tive que mudar de escola por questões financeiras) estava num extremo nervoso por tudo em casa, comprei um maço de cigarros e fumei. a calma tomou conta de mim e a vontade de miar sumiu. Virei fumante, como sou até hoje!
- No primeiro colegial cheguei aos 35 kg, fiquei loira e me sentia muito bem.
- Meu sonho sempre foi fazer MODA, amava desenhar e assim passei na FASM (Faculdade Santa Marcelina). No começo da faculdade tinha uma turma de amigas Anna ou Mia, nenhuma delas tinha as duas e nenhuma delas tinha a doença há tanto tempo quanto eu. Nessa época comecei a tomar consciência, na verdade sempre tomava consciência e maneirava nas miadas e nas épocas sem comer. Tomei consciência e parei de vez.
- Sofria dores e sofria de uma vontade quase que mordaz de ir ao banheiro e colocar tudo pra fora, já cheguei a ter que forçar comida com o dedo pra entrar. E assim passaram-se uns anos e eu cheguei ao começo desse ano com 130 kg.Quando subi na balança e vi o peso, meus pensamentos de embaralharam e já não se tratava mais do peso e sim da minha vida. E de repente eu poderia cantar: "ANNA E MIA AQUI ME TENS DE REGRESSO!"
- Nesse ano já emagreci mais de 40 Kg e ainda luto contra ela. Não posso dizer que a sensação de miar é horrível, por que é uma das sensações mais deliciosas que eu já pude sentir um dia na vida. Não digo que a dor da fome é ruim, por que é ela que me movimenta, mas digo que se você minha cara AnnaMia ou Anna ou Mia, quiser ainda viver e nãu quiser, como eu, ouvir do médico que você pode morrer. Siga a sua vida com fé. Não desanime, não se mostre triste, não se ache feia, não se esconda e não seja quem você não é. Cada pessoa tem sua beleza. Não posso lhe dizer que você se aceitando, todos te acharão linda, por que ainda terão alguns ignorantes que te julgarão pelo peso, mas você se aceitando e mudando suas energias, quem interessa se achegará, pos como disse Philippe LOBO: "Eu não convivo com quem está contra o meu jeito de ser!". Aceite conselhos, jogue fora o lixo do seu armário sentimental, confie e acredite em Deus, saia, se divirta, coloque rosa um dia mesmo que você não goste, use o que você nunca usaria em matéria de roupa nem que seja só no seu quarto, procure qualidades em você e siga uma lista que eu mesma fiz para combater a solidão que é ter a companhia de Anna e Mia.

Passos:
1 - Não se odeie.
2 - Não odeie a Anna e nem a Mia
3 - Não tenha medo delas
4 - Conte para si mesma que você tem uma doença
5 - Mas não seja hipócrita e assuma o lado gostoso disso
6 - Depois conte para seus pais (isso é difícil), mas antes se informe e passe pra eles a postura que devem ter com você; e repita sempre que tem essa doença. O primeiro passo é aceitar.
7 - Após isso tente parar. Não é uma fórmula magica. Pode demorar anos
8 - Tenha fé em você mesma
9 - Olhe-se no espelho constantemente
10 - E adicione mais passos a esta lista para ajudar pessoas que você conhece.



- O mundo possui mulheres lindas e não digo isso pela circunferência de seus quadris. Digo isso falando de nossas Diplomatas, nossas Estilistas, nossas Jurístas, escritoras, repoórteres, arrimo de família, mães, filhas e todas as guerreiras sábias que se encontram aí.
- "Para se fazer uma MULHER é necessário fibra, firmeza de caráter, objetivo e muito amor. " (Karenn_Paris)


Espero que tenham gostado desse Post imenso e espero que não desistam de ler na metade dele!



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PaRiS
xoxoxo