Eu fumo muito, ele fuma pouco.

Ele fuma pouco, eu fumo muito. Ele é Sãopaulino e eu palmeirense. Eu o odeio e ele não desgosta de mim. O problema é que o "odiar" é traço evidente de paixão e o "não desgostar" indica indiferença. Sabe qual é o oposto do amor? É...isso mesmo...indiferença!

O estranho é que não sei como me perdi nessa nuvem de fumaça. Logo eu que trago a vida com a mesma voracidade que um camelo bebe água (quando precisa). Acho que é assim mesmo. A gente se perde e não sabe como foi.

Ele não é nada do que eu quis, nada do que eu quero e nada do que eu gosto. Odeio o corte de cabelo, as roupas, a voz e a mania de se mostrar pros amigos. Odeio o topete (acho melhor sem gel), os olhos caídos (daqueles que te pedem por favor), o fato de fumar quase nada. Odeio as piadas, o gosto por Avenged, os lábios, os dentes, as mãos, as unhas bem cuidadas e a falta de barba no rosto. Ahh...essa falta de barba sempre foi um fator determinante pra não chegar perto de uma pessoa. Pois é...acho que me fodi! Acho que fui ficar numa linha em que as pessoas normalmente aceitam o que não gostam. É como você chegar num bar onde tem coca-cola (e você adora coca-cola), mas você pede pepsi (que você odeia) pra variar e esse desgraçado desse refrigerante "novo" te deixa com cancêr. É....acho que fiquei com cancêr.

Deitada na cama e com a mania de ter o celular sempre perto. É. Exato! Esse foi o erro. Você está pegando no sono e o celular trepida a cama inteira. Você abre os olhos e vai ansiosa ver o aparelho. As palavras são carinhosas e você se sente querida como nunca se sentiu antes, responde atenciosamente a mensagem (não que precisasse realmente responder) e volta ao seu semi sono torcendo pra não acordar novamente. É nessa hora que o instinto de terminar tudo antes de começar, chega e te dá um oi. Você quer fugir, você quer correr. Você é toda medo e nada de coragem e já está decidido. Até que você recebe uma SMS com as seguintes palavras: "Não foge não. Paga pra ver. Fica comigo!" E você, sem resistir...se derretendo e quase rastejando pelo chão, abre uma exceção. Mas todos sabemos que exceções fodem o mundo de forma risível. E é aí que você levanta, estufa o peito e diz: "E agora, José?"

E agora que você vai aprender a passar o resto amargo de seus dias caindo em tristeza profunda e em "euforia da vingança" quase que constantemente. Esse lance de "euforia da vingança" é interessante. É o mesmo que acontece quando uma pessoa termina um namoro muito longo. A pessoa sai e agora quer ir a caça, quer piranhar e dizer pro mundo que pode. No caso de uma pessoa apaixonada a coisa é ainda pior, por que ela quer tentar provar pra si mesma que é foda, mas a única coisa foda na vida dela é ela mesma se fodendo por estar em contato com pessoas que ela sequer quer por perto. Mas mesmo assim, devemos dar uma chance a Esbórnia, duas chances a putaria, 3 vivas a noite e 4 aplausos a bebida alcoólica, que é a única coisa que me faz falar essas asneiras.

Asneiras a parte, o mundo precisa de menos gente deslumbrada, menos gente que joga fora tudo que gosta por coisas que o mundo quer, que o mundo aceita. Anyway. O mundo precisa mais de mim, por que sou muito importante pra ele. O único problema é que eu não preciso do mundo. A única coisa que preciso é tudo que mais odeio. O cabelo, as unhas, as manias, as falas e os olhos caídos que mais odeio nesse mundo. Eu preciso de você, mais do que um avião precisa de turbinas ou um carro precisa de motor. Eu preciso de você simplesmente, por que você é o único que não me encanta e isso me encanta mais que tudo. Te odeio...te odeio por não me deixar fugir, mas me odeio mais por ter te dado ouvidos.